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quarta-feira, 27 de abril de 2011

O poder dos meios de comunicação

Lendo um livro de crônicas de Machado de Assis me deparei com o seguinte: " [...] a palavra sempre foi uma reforma. Falada na tribuna é prodigiosa, é criadora, mas é o monólogo; escrita no livro, é ainda criadora, é ainda prodigiosa, mas é ainda o monólogo; esculpida no jornal, é prodigiosa e criadora, mas não é o monólogo, é a discussão." Isso me fez lembrar que novamente encaminhei um texto ao Jornal de Piracicaba para ser publicado na seção "Leitor" e outra vez não o vi anunciado. Na época em que Machado de Assis escreveu a citação acima talvez o jornal fosse realmente o único meio de propagação de ideias a um número considerável de pessoas, já que ainda não havia o poder da TV e internet como propagadora de informações. Eu ainda acho que o Jornal é uma boa maneira de veicular opiniões e formar discussões acerca de diversas temáticas sociais. O problema é que como a TV, a mídia impressa fica em posse de um número reduzido de indivíduos que veiculam somente aquilo que lhes interessam e que sob uma máscara democrática nos apresentam somente uma versão dos fatos. Contudo, restou-me uma maneira de tornar pública minhas palavras, pelo meio do que talvez hoje seja o mais democrático destes aqui citados, a internet. Posto o texto aqui como uma forma de além de não deixar as palavras no "monólogo" como disse Machado de Assis, mas também para salientar que não estamos mais em fins de 1800 e por isso, há outras brechas que permitem que não fiquemos mais calados. Por fim, deixo um alerta sobre o papel dos meios de comunicação que são grande influência para formar opiniões e que nem sempre são tão democráticos como aparentam. Ainda fico com o principio de que vivemos em uma falsa democracia...

O texto se refere a uma devolutiva de uma carta publicada na seção Leitor do Jornal no dia 20/04 no qual o autor enaltece o prefeito do municipio por tantas obras realizadas, inclusive uma que está sendo feita no centro da cidade. Ainda ressaltou que desse modo, conseguimos saber para onde vai o dinheiro público e que isso nada mais faz que mudar a "cara" da cidade, pois a torna mais bonita e atraente.

CarasXCaras

A carta ao leitor intitulada “Verdade” e postada no dia 20/04 veio a calhar, pois há dias atrás houve um debate sobre esta mesma questão entre amigos meus em uma das redes sociais de maior uso atualmente no país, o Facebook. Só que ao invés de parabenizarmos tantas obras realizadas durante a atual gestão política piracicabana, o consenso foi o seguinte: para que tantas obras, construções que na grande maioria das vezes não havia necessidade alguma em ser mexida? Segundo o autor da publicação “mudou a cara da cidade” e acredito que tais obras servem mesmo para isso. Para que os habitantes possam olhar as obras e se convencerem de que algo está sendo feito para a população. Aí eu me pergunto: nesse mesmo dia saiu uma matéria no Jornal sobre um senhor de 64 anos que aguarda em um pronto-socorro vaga para internação em um hospital. Acredito que, se há tanta arrecadação e tanto recurso para tanto investimento em obras, porque não utilizar para melhorar realmente a vida dos piracicabanos? Não há quem não reclame da situação da saúde pública em Piracicaba, exceto aqueles que não necessitam. Penso também que antes de melhorar a “cara” da cidade, deveríamos melhorar a cara das pessoas, investir mais nos seres humanos diretamente; recursos que eles necessitam de fato, sua saúde, sua educação, sua cultura... Ninguém irá morrer se andar um pouco apertado nas ruas centrais de nosso comércio, mas há pessoas que estão correndo sérios riscos de vida todos os dias nos pronto-socorros de nossa cidade! Isso sim é uma verdade!


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