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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Interpretação das Culturas

Geertz revela no texto que o conceito de cultura que defende é aquele amparado na sua essência pela semiótica, isto é, essencialmente em um sistema de significações. Ainda segundo o autor, cultura são teias amarradas aos homens que eles mesmos teceram. E mais: a análise de culturas é a busca de significados.

Diante disso, os significados apresentam demasiada complexidade, uma vez que um simples gesto ou ação possuem uma variedade de intenções e possíveis interpretações.

Nesse sentido, para Geertz, a análise é dar um significado dentre vários outros existentes.


A análise é, portanto, escolher entre as estruturas de significação – o que Ryle chamou de códigos estabelecidos, uma expressão um tanto mistificadora, pois ela faz com que o empreendimento soe muito parecido com a tarefa de um decifrador de códigos, quando na verdade ele é muito mais parecido com a do crítico literário – e determinar sua base social e sua importância. (GEERTZ, 1978, p.19).


Sendo assim, o objetivo da Antropologia “é o alargamento do universo do discurso humano” (GEERTZ, 1978, p.24). A citação do autor expressa que a interpretação da cultura não é a cultura de fato. Na verdade, é uma das tantas interpretações possíveis de determinada cultura.

Interpretações estas que não podem ser previsíveis ou adivinhadas. Daí a complexidade do estudo antropológico em todas as suas etapas. Não existe para o autor, a possibilidade de uma mecanização do fazer antropológico e nem mesmo a apresentação da cultura como ela é, uma vez que a própria apresentação já sugere uma interpretação da cultura.

Assim, há de se tomar certo cuidado, pois para o autor a cultura e o fato natural (ou seja, a significação deste fato e o fato social em si) se fundem na medida em que se interpenetram e o saber e o fazer antropológico são em certa medida ficções (interpretações). E, a ficção pode ser inventada ou simplesmente anotada, isto é, pode-se correr o risco de que o fazer antropológico não seja reconhecido como a descrição da realidade.


Convencer-se disso é compreender que a linha entre o modo de representação e o conteúdo substantivo é tão intraçável na análise cultural como o é na pintura. E este fato, por sua vez, parece ameaçar o status objetivo do conhecimento antropológico, sugerindo que sua fonte não é realidade social, mas um artifício erudito. (GEERTZ, 1978, p.26).


Vale a pena dar uma lida...


GEERTZ, C. A Interpretação das culturas. R.J.: Zahar, 1978, cap. 1, p. 13-40.


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